sexta-feira, 25 de maio de 2012

A arte de incomodar



Quando falta o talento tem gente que se especializa na arte de abusar. Baseiam-se na teoria de que artista sempre incomoda alguns. O lado ruim dessa história é que o resultado do trabalho atinge quem não tem interesse na exposição. Esse artista a quem podemos chamar carinhosamente de chato, não mede conseqüencias dos atos.
Peguemos alguns exemplos.citados abaixo. Todos estão agindo com o botão do egoísmo no máximo. Aproveitam-se bastante do que causam. Sentem-se vítimas quando alguém reclama. Banidos, geram comoção até em quem os detesta.
A chateação é maior quando o sujeito demonstram ser o que todos sabem que não é. São pavões oníricos, na sua maioria. Gostam de impressionar e se preocupam tanto com isso que não conseguem crescer enquanto pessoa.
Porém é possível um sujeito(a) chato mudar. Não é fácil! Ajude-o a se enxergar como o mundo lhe enxerga. Não precisa causar bullying. Apenas sugerir mudança de atitudes.
VIZINHA PIDONA:
1. Sempre bate à sua porta para pedir algo.
2. Às vezes entram sem bater.
3. Costuma secar suas plantas numa olhadela. então, pedem uma mudinha!
4. Visita os vizinhos no horário das refeições ou tarde da noite. Basta esquecer uma luz da ligada.
5. Conhece toda a sua agenda, portanto sempre sabe quando lhe achar.
PARENTES DE ALUGUEL:
1. Entram na sua casa e agem como se fossem seus parentes íntimos. São colegas, amigos dos filhos, genros, parentes distantes. Alguns são simpáticos e sutis, inicialmente. Depois tomam conta do pedaço.
2. Abrem sua geladeira, seu guarda roupa, suja o vaso, quebram copos e pratos. Acham engraçado.
3. Mudam o canal da TV sem lhe consultar.
4. Assaltam a geladeira alheia e comem bastante. Não deixam nem sobras para a família.
5. Largam a pia cheia de pratos sujos, a cama desarrumada.
6. Adoram opinar sobre o que não lhes diz respeito. Vacile e ele(a) lhe dará ordens.
7. Troca tudo de lugar.
EX-PARCEIROS CIUMENTOS:
1. Não se conformam com o fim do relacionamento, mesmo se causado por eles. Continuam lhe perseguindo.
2. Vivem na espreita observando quem entra e sai da sua casa, quem lhe acompanha aos lugares. Depois telefonam para dizer desaforos ou chorar copiosamente.
3. Ligam todos os dias para saber como está. Preferem o turno noturno onde a possibilidade de escutar vozes de outras pessoas pode significar que há um novo alguém ocupando o espaço.
4. Escrevem o B.O. completo da vida dos antigos parceiros.
5. Arranje um substituto e o chato vai fazer barraco. Inventar histórias.
6. É dramático. Transforma a vida de qualquer um em novela.
7. Não se amam. Isso lhe chateia mais ainda.
8. Sempre aparece onde não deveria.
8. Relaciona-se bem com todos os seus parentes. Dão presentes, doces, enviam e-mails agradáveis. Criam uma imagem fabulosa colocando todos contra seus parceiros.
9, Usam as redes sociais, msn, skype para lhe incomodar.
AMIGO UNILATERAL:
1. Conta a todos sobre a amizade com você e na verdade nem lhe conhece.
2. Sente ciúmes dos outros amigos.
3. Sufoca a vítima no trabalho, em casa, no celular, na internet.
4. Sempre dá um jeito de tirar fotos ao seu lado postando-as na rede.
5. Nunca está feliz. Precisa desabafar, chorar, dramatizar.
6. Sente as mesmas dores suas. Compra roupas iguais. Corta o cabelo da mesma forma.
PECADORES CONVERTIDOS:
1. A maior vítima deles não é você. É Jesus! Gritam, atribuem fatos, choram, dão tudo aos pastores e o santo nome é dito em vão sem misericórdia.
2. Visitam os amigos do tempo da esbórnia para falar da bíblia.
3. Não respeitam outra religião. Ou fingem respeitar.
4. Atribui todo o seu esforço para superar obstáculos, a um ser superior. Por mais que as pessoas se matem para alcançar um objetivo, o sucesso só aconteceu por causa da mão divina.
5. Esperam o milagre cair do céu. Rezam, rezam e não tomam atitudes. Quando se dão mal, atribuem a falha ao diabo.
6. Estão berrando em todos os lugares. Inclusive em ônibus cheio parado em engarrafamento.
7. Não percebem que a insanidade religiosa afasta as pessoas.
8. Atribuem os problemas sociais ao demônio. Elegem vendedores da fé.
9. Batem na sua porta para lhe chamar de pecador.
POLITIQUENTOS:
1. São anti tudo!
2. Nenhum partido faz nada que valha à pena. Só o deles.
3. Usam camisetas, bottons, bonés com propaganda partidária nos lugares mais inadequados. Como no enterro do pai do amigo, no casamento da irmã...
4. Só falam sobre política.
5. Querem lhe levar a todas reuniões do partido.
6. Seu Deus é algum candidato que rouba mas faz.
7. Não sabe o significado de capitalismo e socialismo, portanto repete opiniões alheias. Consideram-se muito inteligentes.
8. Parecem demais com os Pecadores Convertidos. A diferença é que são ateus e abominam qualquer religião.
9. Incentivam atitudes radicais mas na hora H não dão as caras pois morrem de medo da repressão.
10. Costumam não rir.
POLITIQUEIRAMENTE CORRETOS:
1. Defendem qualquer causa. Basta ela existir. Muitos desconhecem o significado da luta encampada.
2. Não ri de nenhuma piada na sua frente. Afinal, piadas são o melhor disfarce para o preconceito.
3. Pregam o respeito. Não levam fatores culturais em conta.
4. Adoram alguns programas sensacionalistas, novelas, filmes pornôs e criticam quem curte.
5. Não aceita sacolinha de supermercado para não poluir o ambiente. Mas joga sacos e sacos de lixo industrializados, fora.
6. Tiram o prazer de tudo e todos quando aparecem.reclamando da sujeira, da roupa amarrotada, do som alto em ambientes fechados e festas particulares chegando ao cúmulo de pedir ao DJ para diminuir o volume,
7.  Dizem amar a pátria. Desconhece os símbolos nem canta o hino corretamente.
8. Quando assumem o poder consideram todos os outros inferiores.
9. Não pisa na grama. Arranca o mato. Grama é elegante, mato é que nem pobre...
GALÃ DE PLANTÃO:
1. Sente-se no direito de pegar todo mundo.
2. Usa as cantadas mais sem graça e esdrúxulas do planeta.
3. Não sabe o significado da palavra respeito.
4. Jamais aceita um não. Insiste o tempo todo quando quer pegar alguém. A festa termina e ele ganha inimigos.
5.  Seu problema não é a roupa, os adereços, o perfume.Supervaloriza-se desvalorizando os outros.
7. Não come ninguém, porém espalha que comeu a mulherada toda. Até a irmã mais velha do padre, que era virgem.
8. Quando tem dinheiro pensa que pode comprar quem quiser.
9. Atira para todos os lados e não acerta nem elefante.
10. Tira uma tremenda onda e morre afogado na própria saliva.
Existem outros tipos de chatos e outras características dos citados acima. Mas fico por aqui. Tentando não ser chata. Afinal todos somos um tanto chatos. Contudo deixo um conselho de amiga: Quando alguém extrapolar o grau de chatice fique atento(a). Pode ser caso de paranoia.




quinta-feira, 22 de março de 2012

A influência da música na sociedade


(Neto Lobo e a Cacimba - Uma grande banda baiana, com música em Malhação)

Houve um tempo em que escutava-se nas rádios, dos alto falantes das ruas de cidades do interior, da vitrola tocando na vizinhança, canções bem elaboradas. A música libertava a poesia no ar. Transmitia os sentimentos dos seres humanos. Era feita para reflexão, relaxamento e alegria saudável. Não instigava a violência, o sexo vulgar nem o uso das drogas.
“Falam as rosas,
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti”
(Cartola)
Os tempos mudam e da imortal músico-poesia de Cartola, chegou-se aos corajosos artistas da época da ditadura militar, como Geraldo Vandré, que foi torturado por causa do teor revolucionário da sua música. Em “Para não dizer que não falei de Flores”, coloca de forma poética a necessidade de lutar contra a opressão:
“Vem vamos embora
Que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora,
Não espera acontecer”.
A música podia ser um quadro na nossa mente, uma fotografia de paisagem, como em “Aquarela” de Toquinho. Com o rock ocupando um espaço, as letras eram inteligentes, preparadas para levar a juventude a pensar. Rita Lee soube descrever o verdadeiro amor com maestria, em canções como “Mania de você”, onde o sexo não tinha tratamento vulgarizado. Os Titãs eram ousados, inteligentes e irônicos, mas faziam pensar. “Cabeça de Dinossauro” foi um bom disco. Cazuza com “Ideologia”, “O tempo não pára”, “Burguesia” marcou época. O Legião Urbana e o imortal Renato Russo foram geniais. Quem não gostasse do som do rock, poderia muito bem ler as letras e sair pelo menos pensando.
Mas os tempos mudaram. A Bahia que tinha expressões fortes na música de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Novos Baianos. Musicalidade total na guitarra elétrica de Armandinho e Pepeu Gomes. Letras legais de músicas no carnaval:
"Beijo na boca,
Seu corpo no meu, suado.
Tem sabor de pecado... (Netinho)
Ou
"No silêncio da noite abro a janela do meu quarto
Me debruço nela, me debruço nela
Tu és testemunha de que realizo um diálogo
Com as estrelas, com as estrelas, com as estrelas..." (Julinho)
"Pombo correio, voa ligeiro
Meu mensageiro e essa mensagem de amor
Leva no bico que eu aqui fico esperando
Pela resposta que é pra saber
Se ela ainda gosta de mim..." (Moraes Moreira)
Artistas dos quais sentíamos orgulho!
Hoje a Bahia vem se tornando palco e símbolo de uma “nova arte”, a arte de emburrecer, onde as letras de música não passam de frases desconexas que vulgarizam a mulher (“Boquinha da garrafa”), alimentam o preconceito contra quem não possui um padrão de beleza norte-americanizado (como em “Toda metralhada”, “Sai canhão”), incentiva a violência (“Tapa na cara”) e vulgarizam o sexo, retirando-lhe a poesia.
E essa nova arte vem tomando conta do país, pois o funk carioca que já foi música de protesto, agora é representado por figuras que além de cantar mal, não ter expressão nenhuma em palco, falam de sexo sem as sutilezas que o tornam atraente.
Isso não podia ser diferente a partir do momento em que música foi percebida como um instrumento transformador. Políticos, empresários e radialistas inescrupulosos passaram a utilizá-la com o objetivo de fazer mexer e não pensar, implantando um subcultura para empobrecer quem poderia pensar. Quando as rádios, segundo contam, só tocam a música de quem paga, o ouvinte é obrigado a escutar qualquer coisa e não o que realmente há de positivo e criativo no mercado. Os músicos viraram objetos descartáveis e muita gente boa está sem espaço na mídia. Os empresários que estão por trás disso, devem estar apostando na despolitização da juventude. Eles preferem que os jovens sejam levados à prostituição do que ao ato de pensar. É a mesma política de alienação que não dá direito aos pobres de terem escolas decentes para não ir contra o sistema. Se chamar uma mulher que não é bonita de “canhão”, é uma forma divertida de tratar a coisa, o desrespeito racial, contra o idoso, contra o pobre pode sair das letras e passar também a ser uma forma “divertida” de agir no mundo. E as campanhas pelo respeito às diversidades não serão levadas à sério!
É preciso combater essa imposição dos empresários do mercado musical. A internet torna-se uma opção para quem busca o que é bom. Novas bandas surgem e ganham espaço na rede. O Teatro Mágico, A Fresno, A Cacimba e outras vão crescendo e ganhando público fora das rádios. Ainda existem emissoras que tocam boas músicas. Divulga-las e difundi-las é fundamental. E tudo isso deve ser feito antes que a Bahia deixe de ser o celeiro das artes e passe a ser o cenário do fútil, do vulgar, do ridículo. Antes que a coqueluche da anti-arte cresça como um câncer pelo país e nos torne a nação dos sem cérebro, mexedores de bunda.

Kalila Pinto

A Arte de Ser Mãe

 Apresentação no Clube Barbixas de Comédia - São Paulo